O
psiquiatra e escritor Içami Tiba é o autor brasileiro que mais vendeu livros em
2003. Seu best seller, Quem Ama Educa, está na 114a edição, com 500 mil
exemplares vendidos. O sucesso dos seus livros se deve à maneira simples com
que escreve, ilustrada de exemplos que servem para o dia-a-dia dos pais, muitas
vezes inseguros na educação dos filhos. No seu consultório no bairro do Itaim,
em São Paulo, retratos da esposa e dos filhos e um presente do neto enfeitam
constantemente sua estante. É lá que ele recebe seus pacientes, a grande
maioria em busca de boas orientações para a estrutura familiar e educação dos
filhos. A convite da Made in Japan, Tiba deu dicas específicas para o pai
nikkei, que vive um dilema, pois herdou a rigidez da tradição japonesa, mas
precisa conviver com a liberdade dos filhos.
Qual
o papel do pai na educação?
Muitos
japoneses e seus descendentes no Brasil ainda seguem uma estrutura familiar
ultrapassada. Por esse modelo, o pai deve apenas sustentar a casa.A educação
dos filhos fica sob a responsabilidade da mãe. O modelo do pai centralizador e
autoritário, no entanto, já não supre mais as necessidades dos dias de hoje.
Pais
durões, filhos rebeldes
As
novas gerações querem romper com a imagem do nikkei tímido e introspectivo. Mas
o fazem de uma forma radical: adotam cabelos coloridos, piercings, tatuagens,
roupas e comportamentos extravagantes. É o jeito, porque não dá para ir mudando
aos poucos, tanto os pais quanto os filhos são muito duros. Nada contra a
rigidez, que é um traço nikkei. Mas não estamos mais em uma geração de mandar,
mas de pedir colaboração e formar uma equipe.
De
quem deve ser a palavra final?
Nesse
novo sistema de cooperação, não há um detentor da palavra final que decidirá
que rumo a família deve tomar. No sistema antigo, a última palavra era do pai.
Mas no esquema moderno, é de quem tiver mais conhecimento sobre a questão (pode
ser o pai, a mãe, o filho ou pessoas de fora). No sistema em equipe, aquele que
descobre o caminho é que ensina os outros. Por isso, a mãe ou o pai não podem
submeter sua autoridade à do outro. Quando o filho desrespeita a mãe - e ela
tem razão - não precisa chamar o pai para conversar com o filho. Ela deve
resolver na hora o que está acontecendo.
Proteja
sem ser autoritário
Violência
e drogas são ameaças constantes aos jovens, que estão cada vez mais vulneráveis
e expostos. Por isso é mais fácil um adolescente com tempo livre aprontar
alguma. Ele fica receptivo. A gente pode dizer que cabeça vazia é oficina do
diabo mesmo.
Espelho,
espelho meu
Não
force o filho a ser a sua própria imagem. Os pais acreditam que estão sempre
certos e querem impor seus pontos de vista.A dica importante é: respeitar os
valores dos filhos.
Não
se importe tanto com o que os outros pensam
Todos
cometemos erros. Não fique com vergonha do que os filhos fazem ou vão fazer. No
Japão, se um membro da família vai preso, ninguém vai visitar. Ele vira a
vergonha da família. No Brasil, os familiares brigam com a polícia que maltrata
o filho que está preso. São casos extremos, mas não dá para ficar dando tanta
importância para o que os outros vão dizer e anulando o que a gente pensa sobre
o assunto.
Pense
nisto e fique na paz – Fundação Sonhar, sonhar os sonhos de Deus.
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